Existem, pelo menos, 34 minas abandonadas no Alentejo. Uma parte delas encontra-se sobre um extenso alinhamento de jazigos, onde predominam minerais da família dos sulfuretos metálicos, que se prolonga por 250 km, desde Grândola até Sevilha. Em contacto com o oxigénio e com a água, as pirites experimentam um processo químico, libertando ácido sulfúrico e metais pesados. Estas substâncias acabam por contaminar a água da chuva que passa pela mina ou pelos montes de resíduos que se acumulam em volumes gigantescos, nos locais das explorações abandonadas.
Em Aljustrel, essas águas juntam-se numa albufeira que constitui uma barreira débil, pois a água está continuamente a verter por um repasse lateral. Além disso, esta lagoa está situada sobre uma importante falha.
O caso mais impressionante, no entanto, é o das minas de São Domingos, hoje dominadas pela profunda cratera onde a exploração decorria a céu aberto. O buraco está inundado com uma água escura, formando um sinistro lago. Só a partir de 1990 é que os projectos mineiros passaram a estar enquadrados por normas legais com maiores imposições para a protecção do ambiente.
O complexo mineiro de Neves-Corvo, em Castro Verde, nasceu nessa altura e reflecte esta nova situação. A mina possui, por exemplo, um plano geral para o seu encerramento – algo impensável até há poucas décadas.