Existem à superfície do Globo duas regiões emersas atravessadas por uma dorsal oceânica: a Islândia e a República de Jibuti.
A Islândia é uma ilha de 103 000 km2 e estrutura geológica essencialmente vulcânica. A sua situação setentrional e a história limitam a vegetação a raras pradarias e alguns silvados, de modo que a estrutura geológica pode ser observada com facilidade: não é, como nos países tropicais, escondida por vegetação espessa ou por um tapete de laterite.
Uniformemente, a perder de vista, a paisagem é vulcânica. Na maior parte, trata-se do empilhamento de correntes de lava com espessuras que, por vezes, ultrapassam os 1000 m. Mas estas correntes alternam na zona central com verdadeiros vulcões, que criam relevos imponentes. Na região norte, não muito longe da cidade de Akureyri, ou na região do lago Myvatn, podemos observar associações de cones vulcânicos de dimensões variadas. O estudo atento destas regiões mostra que os cones se alinham sobre fendas. Na região sul, mais perto de Reiquejavique, encontram-se vulcões extremamente activos, como o Hekla ou o Hemayae, na ilha de Vestmannaeyjar. No centro da ilha a existência de glaciares permanentes dá origem a edifícios vulcânicos muito específicos: vulcões subglaciares. Como aconteceigualmente sob o mar, as lavas tomam então a forma de almofada, sendo, na sua maioria, basálticas.
A cartografia em pormenor realizada pelos geólogos islandeses, pouco numerosos, mas extremamente dinâmicos, revelou que o vulcanismo activo actual se reparte por duas bandas, uma oeste-leste, desde a dorsal norte-atlântica de Reykjanes (dorsal onde se detectaram anomalias magnéticas muito pedagógicas!) até ao glaciar central de Vatnajekull, a outra na direcção norte-sul, desde a zona de Mivayten até ao vulcão Hekla, ou mesmo à ilha de Surtsey, a sul. No resto da ilha o vulcanismo é mais antigo.
Quando se examina minuciosamente a zona activa, verifica-se que é formada por um vale central limitado por falhas normais, desenhando estruturas de extensão típicas. Mais precisamente, um estudo recente mostrou que existe comunicação entre aparelhos vulcânicos de formas cónicas e correntes fissurais de lava. O vulcão aparenta alimentar injecções laterais que alcançam ou não a superfície. Em resumo, o vulcão será o cone fornecedor, enquanto as lavas serão os excessos evacuados sobre os lados. Tal é a actividade que se observa perto do vulcão Krafla.
No vale central não se detecta uma única fenda por onde a lava subiria continuamente, afastando os bordos, como seria sugerido por uma visão plaquista. As relações entre aparelhos vulcânicos e correntes de lava são extremamente complexas, instalando-se cada novo aparelho mais ou menos ao acaso. O vale central, com 10 km de largura, parece servir de zona fronteiriça entre placas. A fronteira exacta no interior desta zona é muito mais difícil de determinar.
No exterior do vale os relevos acentuam-se e a idade das rochas aumenta, o que se conforma em absoluto com a ideia que temos da expansão dos fundos oceânicos. Para noroeste, todavia, aparece uma complicação na península de Snaeffelnes, tão cara a Júlio Verne, por se ter podido demonstrar que a actividade vulcânica nesse local era importante há alguns milhões de anos, como se a dorsal médio-oceânica, depois de passar por esta zona, tivesse migrado rapidamente, há cerca de 3 a 5 milhões de anos, para a região de Reiquejavique.
Fonte : A Espuma da Terra – Claude Allègre
Os rebaixamentos desta fotos são as características das linha sde chairneiras bem evidentes nos topos de cadeias de montannhas .
excelente post, é sempre muitíssimo interessante aprender um pouco mais sobre a geologia de outros lugares do globo.
Imagino que a Islândia seja o paraíso dos geólogos, com afloramentos até no quintal de casa, certamente um dia irei conhecer.