Um dos emblemas da cidade de Nova Iorque é a Ponte George Washington, que liga a Ilha de Manhattan à cidade de Nova Iorque, numa zona conhecida por “Palisades”. Nestas falésias de Palisades, podemos observar “tubos de órgãos verticais” de natureza basáltica conhecidos mundialmente na Irlanda na famosa “Calçada de Gigantes”. Talvez a melhor tradução para Palisades seja mesmo “tubos de órgãos”. Esta região que aflora na região de New Jersey foi o resultado de uma actividade vulcânica intensa contemporânea da abertura do Atlântico. Talvez seja difícil imaginar Nova Iorque ligada ao continente europeu, mas era esta a geografia do nosso planeta há 200 M.a. no limite temporal entre o Triássico e o Jurássico.
Esta sequência de rochas que formam “Palisades” foram analisadas por Paul Olsen e Dennis Kent, e por datação absoluta, obtiveram uma idade aproximada de 200 M.a. De acordo com os trabalhos publicados por estes dois investigadores há 200 milhões de anos uma enorme sutura (rifte) terá tido início e conduziu à separação da Pangea nesta região. Os indícios desta enorme actividade vulcânica associada a uma pluma térmica, conhecidos por trapps podem ser observados no continente africano, Marrocos, no sul de Portugal, na América do Sul. Há 200 M.a. o Atlântico ainda não estava aberto, e quando todas estas regiões com mantos basálticos são unidas como peças de um puzzle a área abrangida torna-se gigantesca. Muito deste vulcanismo foi erodido, mas as estimativas para a superfície original é ordem dos 7 milhões de quilómetros quadrados. Estes mantos basálticos foram baptizados com o nome de Província magmática do Atlântico Central – CAMP.
Da descrição feita, resulta uma imagem interessante e elegante: a geografia actual do Atlântico guarda na memória a ocorrência de três grandes pontos quentes que provocaram a sutura da Pangea de Wegener.
Há 200 milhões de anos, os mantos basálticos do CAMP são o resultado de uma gigantesca pluma térmica que surgiu no coração da Pangea. O Atlântico norte abre-se, formando-se a grande dorsal e as numerosas falhas transformantes.
Há 130 milhões de anos, mais a sul surgem os mantos basálticos do Paraná-Etendeka, associados à pluma térmica de “Tristão da Cunha”. Nascia o Atlântico Sul e a África separava-se da América do Sul.
Mais recente, há 70 milhões de anos surge a Islândia que emerge em conjunto com os mantos basálticos da Gronelândia e das costas anglo-norueguesas, designadas por North Atlantic Tertiary Volcanic Province – NATVP.
Três mantos, três suturas no megacontinente e nascem três bacias oceânicas.
Três acontecimentos bruscos, quase todos com a duração de apenas 1 milhão de anos e geografia do planeta alterou-se.
O Atlântico esse, é a memória e o produto resultante destes acontecimentos.
Fontes utilizadas:
Vincent Courtillot – Nouveau voyage au centre de la Terre. Odile Jacob.
http://www.mantleplumes.org/WebDocuments/CourtRenne2003.pdf
http://en.wikipedia.org/wiki/North_Atlantic_Igneous_Province
Deixe uma Resposta