Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata são-joanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina.
Carlos Tê – Porto Sentido
Na área do Porto existe um levantamento geral de cerca de 100m desde o Pliocénico (entre os 2 e o 5 milhões de anos). Este levantamento é uma das principais causas para a antecedência do rio Douro, na área das cidades do Porto e Gaia, Foto 1.
Foto 1 – Ponte D. Luís junto à Ribeira e em segundo plano a Ponte da Arrábia mais a oeste. Na ponte da Arrábida, a 2,9km da foz do Douro, o encaixe do rio atinge mais de 70m. Entre esta ponte e a ponte de D. Luís o entalhe do rio traduz muito bem essa antecedência. As vertentes, talhadas no granito do Porto, atingem 40% de declive com bastante frequência. Esta é a principal razão para a surpreendente paisagem urbana do Porto.
Antecedência
A antecedência corresponde a um processo de inadaptação de linhas de água a relevos tectónicos que se desenvolveram posteriormente à instalação da drenagem. Diz-se que uma linha de água é antecedente relativamente a um relevo que atravessa quando a formação desse relevo por levantamento tectónico (dobramento ou movimentos de falhas) ocorre posteriormente à linha de água ter estabelecido o seu percurso.
A velocidade de levantamento tem de ser suficientemente lenta para que o rio possa compensar o levantamento tectónico por erosão vertical (encaixando-se), mantendo o seu trajeto. No geral a processo de levantamento é testemunhado pela presença de terraços tectónicos escalonados nas vertentes do vale fluvial, no setor em que este atravessa a área em levantamento.
Esta parece ser a explicação para a existência de vertentes abruptas neste trajeto final do Rio Douro. O curso do Rio Douro estava já estabelecido antes do relevo tectónico ter sido desenvolvido por movimentação ao longo de falhas herdadas da Orogenia Varisca.
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