O granodiorito biotítico tardi-pós-D3 de Mosteirinhos aflora ao longo duma faixa situada no bordo noroeste do maciço de Cota-Viseu, com o qual define contactos transicionais, Foto 1.
Foto 1 – Afloramento do granodiorito de Mosteirinhos (Viseu). Corresponde a uma rocha porfiróide de composição granodiorítica, sem evidências de deformação no estado sólido.
Esta fácies, em conjunto com outros corpos intrusivos composicionalmente heterogéneos (básicos a intermédios) que ocorrem na periferia do maciço de Cota-Viseu, parece representar uma rocha híbrida gerada por mistura de magmas máficos de proveniência mantélica com fundidos félsicos de origem crustal.
Neste afloramento, o granodiorito biotítico de Mosteirinhos apresenta megacristais de feldspato dispersos numa matriz de grão médio, definindo uma foliação de fluxo magmático, Foto 2.
Foto 2 – O granodiorito de Mosteirinhos apresenta características texturais e mineralógicas muito semelhantes às do granito de Cota-Viseu, distinguindo-se deste pelas maiores proporções de plagioclase e pelo seu conteúdo mais elevado em minerais máficos (biotite). Possui uma textura fanerítica, porfiróide, de grão médio a grosseiro e é constituído por quartzo, plagioclase, feldspato potássico, biotite, apatite, zircão, opacos, esfena, alanite, clorite (secundária) e moscovite (secundária), dados obtidos a partir da observação em microscópio petrográfico. O quartzo é um dos minerais mais abundantes neste granito, sendo a plagioclase um constituinte mineral essencial do granodiorito de Mosteirinhos.
O elevado grau de heterogeneidade textural do granodiorito de Mosteirinhos, bem como a presença de abundantes encraves microgranulares máficos com formas globulares, mostra que estes magmas foram afectados por processos de “mixing /mingling” de intensidade variável (consultar post neste link).
A presença de rochas com composições dominantemente granodioríticas e monzograníticas, associadas a termos mais básicos (gabros, dioritos, monzodioritos, tonalitos) é típica de associações magmáticas híbridas, formadas pela interacção física e química entre líquidos máficos de origem mantélica e fundidos félsicos de anatexia crustal em ambientes orogénicos colisionais.
Bibliografia consultada:
Azevedo, M.R., Valle Aguado, B. & Nolan, J. (2013). Anatexis of metasedimentary rocks in the Iberian Variscan Bel: the example of the Mundão migmatites (Northern Central Portugal). Abstract Volume of the European Mineralogical Conference, EMC2012, Franckfurt, Germany, 02 a 06 de Setembro, vol. 1.