Libethenite é um mineral supergénico extremamente raro apenas encontrado em três outros locais a nível mundial (Eslováquia, República Democrática do Congo e Zâmbia). A libethenite, um fosfato hidratado de cobre de cor verde e forma ortorrômbica., Foto 1. Este mineral encontra-se na mina de Miguel Vacas, inserida na região de Alandroal-Juromenha, localizando-se no flanco NE do Anticlinal de Estremoz, próxima ao contacto Silúrico-Ordovícico e consiste num filão principal de quartzo com carbonatos.
Foto 1 – A libethenite apresenta como características principais a sua cor verde oliva e hábito sob a forma de prismas ou bipirâmides. A libethenite encontra-se normalmente associada à pseudomalaquite (mineral do mesmo grupo), formando cristais na superfície da mesma.
Mina Miguel Vacas
A Mina de Miguel Vacas foi explorada para cobre durante grande parte do século XX até ao seu fecho em 1986.
Esta mina localiza-se na faixa Sousel-Barrancos onde predominam as mineralizações de cobre. Trata-se de uma estrutura mineralizada (brecha quartzosa) subvertical com orientação geral N10ºW, intercetando os xistos cinzentos e negros do Silúrico, Foto 2.
Foto 2 – Enquadramento geológico da mina de Miguel Vacas. Na mina ocorrem xistos negros do Silúrico que indiciam um ambiente sedimentar marinho euxínico, propício ao estabelecimento junto à superfície de organismos planctónicos, como os graptólitos. Nestas condições ambientais iniciou-se a deposição da Formação dos Xistos com Nódulos, com predominância de liditos na base, a que sucedem xistos negros carbonosos, com raros nódulos siliciosos.
A mineralização explorada foi essencialmente de caráter superficial, correspondendo à zona de oxidação e de enriquecimento supergénico da estrutura filoniana. Além da zona oxidada foi possível reconhecer, por sondagem, a presença de uma zona de sulfuretos primários.
Com base nas observações da petrografia e mineralogia das amostras esta mina corresponde a uma mineralização primária de cobre filoniana a que se sobrepõe uma mineralização secundária do tipo enriquecimento supergénico.
Enriquecimento supergénico
De acordo com Guilbert & Park (1986) e Robb (2005), o enriquecimento supergénico pode ser dividido em três zonas diferentes em profundidade consoante o minério observado. As diferentes zonas deste tipo de mineralização são: Zona Eluvial ou Chapéu de Ferro que corresponde à zona mais superficial e que se subdivide em Gossan e Zona de lixiviação; Zona Iluvial ou de Enriquecimento Supergénico que corresponde a uma zona intermédia, subdividindo-se em supergénico oxidado e redutor pelo nível freático – barreira de oxidação-redução ou redox; e Zona Hipogénica ou Protominério que corresponde à zona mais profunda, como se observa no esquema da Foto 3.
Foto 3 – Zonamento vertical da mina de Miguel Vacas. Nesta mina é possível observar duas tipologias de minério completamente distintas: minério primário e minério supergénico. O minério primário é composto por calcopirite, pirite, arsenopirite, gersdorffite. O minério supergénico é constituído por malaquite, azurite, pseudomalaquite, libethenite, brochantite e bismuto nativo.
Com base na petrografia e química mineral foi possível por em evidência o carácter episódico da mineralização primária associado a fenómenos de remobilização de metais e reprecipitação de sulfuretos. Na mineralização supergénica é possível diferenciar três zonas distintas (zona de lixiviação, zona supergénica oxidada e supergénica redutora) que refletem o perfil típico e os processos característicos deste tipo de alteração. Na zona oxidada destaca-se a presença de carbonatos Cu (malaquite e azurite) e fosfatos de Cu (pseudomalaquite e libethenite), Foto 4.
Foto 4 – Mina de Miguel Vacas (Estremoz), aspeto geral da exploração a céu aberto, que atualmente se encontra inundada.
Nas amostras de Miguel Vacas, que se enquadram no ambiente oxidante, é possível observar malaquite e azurite (carbonatos), libethenite e pseudomalaquite (fosfatos), principalmente a preencher fracturas ou espaços abertos existentes nas rochas encaixantes ou no quartzo e mais raramente sob a forma de minério maciço ou em massas cristalinas.
Os trabalhos neste jazigo foram essencialmente a céu aberto, tendo sido exploradas as zonas de oxidação e de enriquecimento supergénico, não tendo sido atingida a zona de sulfuretos primários.
Preparação para Exame de Geologia e Biologia 11º ano:
Fontes consultadas:
Guilbert, J. M. & Park, C. F., Jr. (1986). The Geology of Ore Deposits. W.H. Freeman and
Company, New York, 985 p.
Fernandes, G. (2012). Mineralizações de Cobre da Mina de Miguel Vacas: Caracterização Petrográfica e Geoquímica. Tese de mestrado em Geologia Económica. Univ. Lisboa, 345p.
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